sábado, 31 de maio de 2014

Imunosupressão. Um mal que se vai tornando menos maléfico e mais específico.

Quando determinado indivíduo sofre um transplante é necessário que este tome imunosupressores de forma a diminuir a probabilidade de rejeição do transplante. Isto é, é necessário que lhe sejam administrados medicamentos que fragilizem o sistema imunitário para que o sistema imunitário deste indivíduo não reconheça o órgão/tecido que lhe foi transplantado como estranho e dê uma resposta imunitária no sentido de neutralizar esse agente estranho.
Infelizmente, a administração deste tipo de medicamentos tornam os pacientes que sofreram o transplante mais vulneráveis a infecções e ao desenvolvimento de certos tipos de cancros. E é por isso que a comunidade científica tem trabalhado cada vez mais para tornar estes imunosupressores mais específicos, isto é tornar o sistema imunitário inactivo em certos locais do organismo.
E para que possamos trazer uma boa notícia aos leitores deste blog decidimos postar aqui um artigo que lemos na superinteressante (site oficial). Por enquanto é só uma boa notícia para quem sofreu/vai sofrer transplante do fígado, mas como se costuma dizer "grão a grão enche a galinha o papo".

Artigo da superinteressante: 

Investigadores do Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa, identificaram uma nova população de linfócitos reguladores que se localizam especificamente no fígado e têm forte capacidade imunossupressora, e encontraram uma estratégia para estimular a formação destes linfócitos. Esta descoberta permite desenvolver a primeira terapia celular imunossupressora restringida a um local específico do organismo e tem aplicação no combate à rejeição de orgãos após transplante, em particular do fígado. A sua aplicação poderá permitir minimizar os efeitos crónicos da imunossupressão após transplante, nomeadamente a exposição acrescida a infecções e cancro, que colocam, muitas vezes, em risco a vida dos transplantados.

Os resultados são publicados no dia 15 de Agosto na prestigiada revista Journal of Immunology e deram origem a uma empresa spin-off, a Acellera Therapeutics, em processo de criação.

Os linfócitos reguladores são células do sistema imunitário que controlam a actividade dos linfócitos T, aqueles responsáveis pela defesa do organismo contra agentes infecciosos. Quando a actividade dos linfócitos T não é correctamente controlada pelos linfócitos reguladores, surgem doenças autoimunes e doenças alérgicas como a asma.

Em estudos pré-clínicos realizados por várias equipas de investigadores com vista a desenvolver terapias contra efeitos adversos ocorridos após transplante de medula, verificou-se que, quando administrados a um indivíduo, os linfócitos reguladores conhecidos até agora (chamados Treg) se acumulam globalmente nos orgãos linfáticos de todo o organismo.

O que os investigadores portugueses descobriram agora foi um tipo diferente de linfócitos reguladores a que chamaram NKTreg e que, embora tendo igualmente forte capacidade imunossupressora ou reguladora, se acumulam especificamente no fígado após injecção intra-venosa. É esta característica que permite potencialmente restringir a imunossupressão a um orgão específico podendo levar à diminuição dos riscos associados à imunosuppressão após transplante, como as infecções e cancro.

Os investigadores descobriram ainda que conseguem obter estas células reguladoras a partir do sangue humano, abrindo perspectivas para uma nova terapia celular. O processo de formação das NKTreg a partir de células percursoras humanas e a sua aplicação terapêutica foram já patenteados pela equipa, que conta ainda com a participação de David Cristina (do Instituto Gulbenkian de Ciência) para desenvolver o plano de negócio da Acellera Therapeutics.

“O que o nosso estudo trouxe de novo foi a caracterização de uma população de células do sistema imunitário até agora desconhecida”, revela Marta Monteiro, primeira autora do estudo. “O que descobrimos foi que estas células têm a capacidade de regular os linfócitos T, e de forma localizada no fígado”, prossegue a investigadora.

“Estes resultados, obtidos no laboratório, têm enorme potencial terapêutico”, afirma Luis Graça, líder da equipa. “ Estamos agora a trabalhar para desenvolver uma terapia celular baseada no estudo publicado, que poderá diminuir os problemas associados aos transplantes de fígado: evitar a rejeição, reduzindo ao mesmo tempo os graves efeitos adversos das actuais terapêuticas imunossupressoras.”


Adriana Pires, Alexandre Pancadas, Rita Silva e Sandra Duarte

Resposta Inflamatória

A resposta inflamatória é uma reacção do sistema imunitário à entrada de agentes agressores ou estranhos no organismo que faz parte dos mecanismos de defesa não específica (isto é, a resposta inflamatória produzida pelo sistema imunitária será sempre a mesma qualquer que seja o agente agressor/estranho).

A resposta inflamatória (também designada por inflamação) é a segunda linha de defesa de defesa do organismo e ocorre quando os agentes patogénicos conseguem ultrapassar as barreiras de defesa primárias, o que acontece, por exemplo, após um golpe na pele.Na zona de penetração dos seres patogénicos ocorrem diversos acontecimentos que caracterizam a resposta inflamatória bem como uma intensa actividade fagocítica (presença de inúmeras estruturas que realizam a fagocitose, que é um processo realizado pelo organismo no sentido de neutralizar os agentes agressores) por esta provocada.

A resposta inflamatória é mediada por substâncias químicas produzidas pelo organismo em reacção à entrada de micróbios ou então libertadas pelos mesmos. Uma das substâncias químicas utilizadas neste mecanismo é a histamina produzida por basófilos ou mastócitos (células especializadas presentes em alguns tecidos).
A presença desta histamina e de outros mediadores químicos provocam a dilatação dos vasos sanguíneos e o aumento da permeabilidade dos capilares que por sua vez provocarão o aumento do fluxo sanguíneo levando ao enrubescimento (tubor) e o aumento de temperatura local (calor). Devido ao aumento da permeabilidade dos vasos, aumenta o fluido intersticial na zona afectada, provocando um edema. A distensão de tecidos provocada pelo edema e a acção de algumas substâncias químicas sobre terminações nervosas são aquilo que provoca a dor.
A acumulação de substâncias químicas no tecido lesionado vai activar o sistema imunitário, atraindo ao local os intervenientes necessários, como os neutófilos e os macrófagos (ou seja os fagócitos , que são estruturas que realizam a fagocitose e que extravasam os capilares dirigindo-se à zona infectada por diapedese). A esta atracção química dá-se o nome de quimiotaxia.
Após a realização da fagocitose, os agentes agressores são neutralizados e inicia-se o processo de cicatrização, são repostas as células perdidas e os tecidos são regenerados.

Adriana Pires

Doença celíaca, o que é?

A doença celíaca é uma doença auto-imune. Entende-se como doença auto-imune o tipo de doença que é provocada pelo próprio sistema imunitário. Ou seja, por motivos ainda relativamente indeterminados o sistema imunitário passa a reconhecer as suas células ou os seus tecidos como agentes agressores (ou agentes exteriores ao seu organismo) sobre os quais é preciso impor uma resposta imunitária. Sendo que nessa resposta imunitária há normalmente produção de anticorpos que atacarão o próprio organismo, os chamados auto-anticorpos.

O que é a doença celíaca?

A doença celíaca, também conhecida por enteropatia sensível ao glúten, é uma doença do intestino delgado caracterizada pela intolerância ao glúten, uma proteína presente em diversos alimentos, como trigo, aveia e cevada.

A doença celíaca é uma doença de origem imunológica que se caracteriza pela ocorrência de uma intensa reacção inflamatória no intestino delgado todas as  vezes que este é exposto a alimentos que contenham glúten. Em alguns casos, a inflamação pode ser tão severa, que destrói as vilosidades da mucosa do intestino delgado, que são responsáveis pela absorção de boa parte dos nutrientes. O resultado deste processo de inflamação e lesão da mucosa intestinal é uma síndrome de má absorção intestinal (explicarei melhor esta síndrome mais à frente).
A doença celíaca é uma patologia de origem autoimune, sendo uma doença diferente da alergia ao glúten. O mecanismo imunitário da doença celíaca é distinto, assim como o quadro clínico.
A doença celíaca é uma doença relativamente comum e pode acometer qualquer pessoa, porém é mais frequente em caucasianos (brancos) descendentes de europeus do norte. Na Europa e nos EUA cerca de 1 a cada 150 pessoas tem doença celíaca. Nos países nórdicos, esta taxa chega a ser de 1 para cada 90 pessoas. No mundo inteiro, cerca de 25 milhões de pessoas sofrem com esta doença.

Rita Silva

sexta-feira, 30 de maio de 2014

O que sinto? O sistema imunitário explica!

Alguma vez pensou em como a presença de certos micróbios no nosso organismo ( micróbios são agentes patogénicos, isto é algo que agride ou que é estranho ao organismo) ou mesmo de anticorpos (proteínas produzidas pelo organismo no sentido de neutralizar os agentes patogénicos) podem alterar o nosso humor?
Nós também não! E a título de curiosidade decidimos colocar aqui um artigo que lemos na superinteressante (no site ofcial) para que possa saber mais sobre o assunto:


Na última década, os cientistas descobriram que o comportamento, o estado de humor e mesmo a memória podem sofrer alterações tanto pela acção de micróbios externos como sob o efeito de componentes do nosso próprio sistema imunitário.

Um caso emblemático foi protagonizado por Sammy Maloney, um rapaz norte-americano que, em 2002, ao completar 12 anos, experimentou uma súbita e drástica mudança de personalidade. No início, manifestava-se através de pequenas manias, como usar roupas de determinadas cores ou impedir que se abrissem as janelas de uma divisão na sua presença. Contudo, seis meses depois dos primeiros sintomas, já era vítima de um grave distúrbio obsessivo-compulsivo, acompanhado do síndrome de Tourette. O que tornou o caso ainda mais surpreendente foi o facto de os sintomas começarem a desaparecer quando os médicos descobriram que tinha uma infeção por estreptococos (bactéria com forma de coco) e lhe receitaram antibióticos. Em poucos meses, Sammy voltou a comportar-se como um rapaz normal.

A história não é tão invulgar como poderia parecer, segundo comprovou a bióloga Madeleine Cunningham, que trabalha no Departamento de Microbiologia e Imunologia da Universidade do Oklahoma. Após vários anos a estudar as ligações entre distúrbios do comportamento e o sistema imunitário, chegou à conclusão de que os anticorpos produzidos pelo nosso organismo para combater certos estreptococos conseguem desencadear, numa zona do cérebro, a libertação massiva de dopamina. Isso poderia explicar a dificuldade em reprimir comportamentos impulsivos, como aconteceu com Sammy.

Muito diferente é o que nos acontece se estivermos em contacto com a Mycobacterium vaccae, uma bactéria inofensiva que vive no solo e que inalamos quando passeamos pelo campo ou por um parque. Segundo um estudo recente publicado na revista Neuroscience, o micróbio estimula os neurónios do córtex pré-frontal do cérebro humano para libertarem serotonina, o neurotransmissor da felicidade e do bem-estar, o que nos põe de óptimo humor.


Deixe que as crianças se sujem!

Christopher Lowry, neurocientista da Universidade de Bristol (Reino Unido), comprovou que injetar aquela bactéria em ratos exerce um efeito muito semelhante ao do popular antidepressivo Prozac. Outro colega, Graham Rook, imunologista da Escola de Medicina do University College London, assegura que a M. vaccae é mesmo mais específica e eficaz do que os fármacos, pois não tem efeitos secundários. De facto, Rook defende a teoria de que uma das causas para o aumento de casos de depressão no Ocidente ao longo do último século é que não nos expomos o suficiente às diminutas criaturas. Somos prejudicados pela nossa obsessão pela higiene. “Deveríamos deixar as crianças brincar e sujar-se mais, e até comer com as mãos sujas de terra”, assegura.

Como se isto não fosse suficiente, Dorothy Matthews, investigadora dos The Sages Colleges (Nova Iorque), verificou que a M. vaccae pode também melhorar a capacidade de aprendizagem. Quando alimentavam roedores com a bactéria viva, Dorothy Matthews e a sua equipa constataram que os exemplares infetados se deslocavam mais rapidamente pelos labirintos e sofriam menos de ansiedade. “Podemos especular se seria positivo as escolas programarem um tipo de aprendizagem ao ar livre para adquirir novas aptidões”, sugere a investigadora.

É possível que, num futuro não muito distante, possamos ingerir um punhado destes micro-organismos para nos tornarmos pessoas mais felizes e inteligentes. De facto, em 2003, Rook e Lowry deram o primeiro passo nesse sentido, ao registarem uma patente para a utilização de M. vaccae e dos seus derivados para tratar a ansiedade, os ataques de pânico e os distúrbios alimentares.

Citoquinas agitadas

Quando apanhamos uma simples gripe, a par da febre, sentimos sintomas como dificuldade em dormir, perda de apetite e ansiedade. É mesmo possível que a nossa capacidade de concentração seja menor, que nos sintamos deprimidos ou que manifestemos determinados comportamentos antissociais. Por outras palavras, os processos inflamatórios do nosso organismo provocam alterações evidentes no estado de humor.

Estudos recentes indicam que os responsáveis por essa desordem emocional são as citoquinas, proteínas produzidas na imunidade mediada por células pelos linfócitos T auxiliares) em reacção à doença. Porém, nem sequer é preciso adoecer para essas gladiadoras do organismo fazerem das suas. Nos obesos, por exemplo, a probabilidade de sofrer de depressão é duas a três vezes mais elevada, pois o tecido adiposo é uma fonte importante dessas proteínas defensivas.

Por outro lado, o interferão alfa, uma citoquina usada para tratar a hepatite C, estimula uma área cerebral envolvida na detecção de erros e conflitos que nos faz ser mais desconfiados e propensos a suspeitas, segundo revelou Andrew Miller, da Universidade de Emory (Estados Unidos). Por sua vez, Naiomi Eisenberger, da Universidade da Califórnia, demonstrou, num estudo publicado na revista Neuroimage, que certas variedades aumentam a actividade em zonas do cérebro responsáveis pela empatia, isto é, por conseguirmos colocar-nos no lugar de outras pessoas.


A estreita relação entre o sistema imunitário e o cérebro não termina aqui. Ao administrar oralmente bactérias Lactobacillus reuteri a roe­dores, o professor japonês Takeshi Kamiya obteve efeitos anestésicos a nível orgânico semelhantes aos da morfina. Por sua vez, Mark Lyte, da Universidade Tecnológica do Texas, observou que, após ingerir pequenas doses de Campylobacter jejuni, uma das bactérias que produzem mais intoxicações alimentares em todo o mundo, sobem os níveis de stress.

E ao que parece esta complexidade que são os nossos sentimentos (ou os nossos humores) vai estando cada vez mais perto de ser desmistificada.

source: 

Alexandre Pancadas e Sandra Duarte

Vacinas. O que são? Todos de acordo?


O que são as vacinas?

As vacinas  são substâncias, como proteínas, toxinas, partes de bactérias ou vírus, ou mesmo vírus e bactérias inteiros ou inteiras, atenuados(as) ou mortos(as), que ao serem introduzidas no organismo de um animal, suscitam uma reacção do sistema imunitário semelhante à que ocorreria no caso de uma infecção por um determinado agente patogénico (agente agressor ou estranho ao organismo), desencadeando a produção de anticorpos (proteínas que ajudam a destruir os agentes patogénicos) que acabam por tornar o organismo imune ou, ao menos mais resistente, a esse agente.
São geralmente produzidas a partir de agentes patogénicos (normalmente vírus ou bactérias), ou ainda de toxinas, previamente enfraquecidos. Ao inserir no organismo este tipo de substâncias, fazemos com que o corpo combata o agente estimulando a síntese de anticorpos, além de desenvolver a chamada memória imunitária (capacidade do organismo para reconhecer um agente patogénico com o qual já lidou), tornando mais fácil, como é evidente,o reconhecimento do agente patogénico e aumentando a eficiência do sistema imunitário em combatê-lo.

Todos de acordo?
Posto assim, parece que as vacinas são indubitavelmente algo quase perfeito. Será que toda a comunidade científica está de acordo? Não segundo um artigo que li no site oficial da superinteressante....
"(...)No entanto, desde finais do século XVIII, quando o médico inglês Edward Jenner criou a primeira vacina contra a varíola, há quem se oponha à aplicação do tratamento preventivo. Entre os opositores, não faltaram (nem faltam) cientistas. É o caso de Andrew Wakefield, um médico britânico que publicou, em 1998, uma investigação,(....) na qual relacionava a vacina tripla viral (contra o sarampo, a rubéola e a papeira) com o autismo e uma doença gastrointestinal."

Será a relação mesmo verdade?
 A maior parte da comunidade científica e até o BJM (British Major Journal) dizem que não passa de nada mais que uma "esmerada fraude".

Claro que  investigadores como Andrew Wakefield causam e causarão sempre algum tipo de dúvida e insegurança no público (isto é, todos aqueles que têm de ser vacinados). Mas a verdade é que até à data este tipo de investigações são meras especulações e dados como estes: 

"Evitam mais de dois milhões de mortes todos os anos, eliminaram terríveis doenças, proporcionam imunidade perante vírus indómitos e protegem mesmo aqueles que desconfiam delas. Poder-se-ia dizer o mesmo de qualquer super-herói da ficção científica, mas as vacinas, além de reais, são fruto de anos de investigação científica. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), constituem uma das intervenções mais importantes no âmbito da saúde pública. Além dos milhões de óbitos anuais que contribuem para evitar, também podem impedir dois milhões de disfunções adicionais em crianças menores de cinco anos."

são factos.

A ciência terá sempre mais poder que a especulação. A ciência faz a vida e costuma fazê-la relativamente bem. E é por isso que somos vacinados.

Source:

Sandra Duarte

As alergias e a importância da Ig.E

A alergia é uma deficiência do sistema imunitário que provoca uma reacção a substâncias normalmente inócuas, denominadas alergénios. Nesta secção irá aprender mais sobre o que despoleta a reacção, a importância da IgE (imunoglobulina E) e o motivo por que a medição da IgE é um passo importante para gerir os sintomas e ajudar os doentes a sentir-se melhor.

Como é despoletada uma reacção alérgica?


Uma reacção alérgica é despoletada pela substância (alergénio) específica a que a pessoa é alérgica. Quando exposto a este alergénio, o corpo detecta um invasor estranho.
O alergénio liga-se aos anticorpos IgE. Quando isso acontece, o mastócito abre para libertar substâncias inflamatórias, por ex. a histamina, que viaja rapidamente através do corpo para combater aquilo que considera perigoso. A histamina afecta o tecido corporal e provoca uma inflamação.
Os sintomas que se desenvolvem dependem da área do corpo onde é libertada a histamina. Nariz a pingar, olhos lacrimejantes e com prurido, falta de ar e pele seca podem ser sinais de mastócitos a reagir em áreas específicas do corpo.
Para a maior parte das pessoas, a alergia começa como uma condição limitadora e desconfortável, embora inofensiva, e podem passar anos até os sintomas se desenvolverem. Para outras, as reacções alérgicas podem ser mais graves e representar uma ameaça ao bem-estar geral. Em alguns casos raros, determinados alimentos, medicamentos ou picadas de insecto podem resultar num choque anafilático súbito que pode ser fatal.

IgE – os anticorpos do corpo contra alergias

IgE - Imunoglobulina E - é um tipo de proteína denominado anticorpo. Desempenha um papel importante nas reacções alérgicas, sendo por isso frequentemente denominado "anticorpo das alergias".
Se uma pessoa for alérgica a uma determinada substância (alergénio), o sistema imunitário acredita erradamente que esta substância normalmente inócua, por ex. o pólen, é de facto prejudicial ao corpo.
Quando a pessoa fica exposta a esta substância em particular, o sistema imunitário inicia a produção de IgE numa tentativa de proteger o corpo. Os anticorpos IgE permanecem no corpo e, da próxima vez que houver contacto com a substância alergénica, pode ocorrer uma reacção alérgica.
O resultado é que alguém que tenha uma alergia tem níveis elevados de IgE no sangue. IgE específico de cada alergénio. Isso significa que o IgE de gatos só pode despoletar uma reacção alérgica aos gatos.IgE.

Source:
http://www.phadia.com/pt-PT/2/About-Allergy/Explicacao-da-alergia/

Alexandre Pancadas

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Guerra às superbactérias

"Nos início da década de 1940, começou-se a levar a melhor no confronto com os agentes patogénicos. 

(...)

Contudo, agora, em pleno século XXI, outra batalha acaba de principiar e, por enquanto, o inimigo está a vencer. Os novos soldados são as superbactérias, isto é, micróbios que se tornaram imunes aos tratamentos.

(...)

"O grande problema é se surgir uma variedade totalmente resistente aos antibióticos e muito maligna" resume Fernando Cruz, investigador da Universidade da Cantábria e um dos membros de EvoTAR.

Desde que conseguiu aquela primeira vitória, há 70 anos, o homem sentiu-se tão poderoso com as novas armas que o seu uso transformou-se em abuso. Em muitos casos, os antibióticos foram mal administrados, utilizados para curar constipações e outros males para o quais não serviam. Os pacientes deixavam de tomá-los ao notarem melhoras, antes de todos os micróbios terem morrido devido aos efeitos da medicação. Assim, os micro-organismos, dotados de genes que os protegiam de determinados compostos, sobreviveram e tornaram-se cada vez mais fortes. Tratou-se, de certo modo, de uma versão acelerada de evolução natural. "Os seres humanos é que estão a fazer a selecção", confirma o investigador.

Para podermos entender até onde chega esse crivo involuntário, devemos tomar em consideração que, no mundo dos micro-organismos, também há sexo e capitalismo. Como duas bactérias se encontram, por exemplo, no trato digestivo de uma pessoa, podem trocar material genético, mesmo que sejam de espécies diferentes. Em vez de órgãos sexuais, usam plasmódios, uma espécie de invólucros que possibilitaram, durante milhões de anos, o intercâmbio de ADN e, mais recentemente, dos genes concretos que lhes permitem resistir aos antibióticos.

O processo de criação de uma superbactéria consiste em vária etapas. Primeiro, adquire resistência a mais de três famílias de antibióticos: torna-se multirresistente. O passo seguinte transforma-a numa espécie extremamente forte: já há muito poucos fármacos que conseguem dar cabo dela. A última fase, a mais temida, é quando surge uma bactéria pan-resistente, que nenhum tratamento consegue eliminar. 

Fora do meio hospitalar, até os micro-organismos mais perigosos costumam ser inofensivos, pois um sistema imunitário saudável elimina as infecções sem sequer termos consciência disso. As superbactérias atacam os mais fracos: recém-nascidos ainda com poucas defesas, doentes, idosos ou pessoas que, prestes a receber um transplante, mantém o sistema imunitário bloqueado para evitar uma rejeição. São as vítimas mais frequentes das infecções hospitalares."

Antibióticos


Adriana Pires e Rita Silva

source:
"Guerra às superbactérias", Super Interessante. (nº188, Dezembro 2013), pp. 88, 89, 90 e 91

segunda-feira, 31 de março de 2014

Memória Imunitária

      O sistema imunitário é responsável pela defesa do organismo contra agentes patogénicos. Esse sistema é composto por uma gama de substâncias e células, entre elas as células de memória, que desempenham o papel de armazenar durante vários anos ou pelo resto da vida a capacidade de identificar partículas infecciosas, com os quais o organismo já esteve em contacto. Ao mecanismo de reconhecimento de antigénios, dá-se o nome de memória imunitária.
     Durante o primeiro contacto com um antigénio, o organismo produz uma resposta imunitária primária, em que ocorre a diferenciação de linfócitos B e T em células efetoras e células de memória. As células efetoras, como o próprio nome já diz, combatem especificamente a partícula infecciosa, impedindo sua proliferação. Esse tipo de célula permanece no corpo apenas por alguns dias, sendo degradadas após a neutralização do antigénio; ao contrário das células de memória, que continuam no organismo por longos períodos, imunizando-o contra a acção do mesmo agente infectante em exposições posteriores. Num novo contacto, será desencadeada a resposta imunitária secundária, mais intensa e rápida do que a primária, que destruirá os invasores, talvez até antes de surgirem os sintomas da doença.
       As células de memória são específicas, isto é, o corpo produz um tipo de defesa para cada tipo de antigénio. Isso ocorre porque na superfície dos antigénios existem diversas regiões passíveis de serem identificadas, que são denominadas determinantes antigénicos, assim como nas células de defesa existem os receptores celulares, moléculas proteicas que propiciam a interacção da célula com as substâncias do meio. Cada epítopo une-se apenas ao seu receptor celular correspondente (o que lembra muito o modelo “chave-fechadura”), permitindo que a célula reconheça o corpo estranho e dê início a uma resposta imune.
  Graças à capacidade das células de memória de reconhecer antigénios, algumas doenças são adquiridas apenas uma vez na vida.Os conhecimentos acerca da memória imunitária também levaram ao desenvolvimento de uma importante ferramenta da Medicina do século XX: a vacina. Quando um indivíduo é vacinado, é introduzido em seu organismo um agente infeccioso (vírus, bactérias, toxinas) atenuado, o que prepara o corpo para responder efectivamente a um ataque futuro, impedindo que a doença se instale.




Souce: http://www.infoescola.com/biologia/memoria-imunitaria/ 

Alexandre Pancadas e Sandra Duarte

sábado, 29 de março de 2014

Patologias com etiologia bacteriana


De modo a explorar um pouco o vasto grupo de doenças causadas por bactérias, iremos, nesta publicação, fazer referência a cinco dessas doenças. Vamos, assim, apresentar modos de infeção, os sintomas causados e as principais consequências para os organismos infetados.



Clamídia

A clamídia é uma doença sexualmente transmissível, causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. Esta doença afeta os órgãos genitais masculinos e também femininos. 
  • Modos de infeção
A infeção de clamídia é causada por relações sexuais não protegidas de DST. Esta doença é das DST’s mais comuns no mundo. As pessoas que apresentam parceiros sexuais múltiplos têm um alto risco de contrair clamídia.
Pode-se contrair clamídia a partir de gonorreia ou sífilis. Assim, se apresentar sintomas de uma DST, convém fazer um teste para detetar outras possíveis DST’s.
  • Sintomas/Consequências
Um em cada quatro homens com clamídia não apresentam sintomas. Nos homens, a clamídia pode produzir sintoma, tais como:
 - Sensação de queimação ao urinar
 - Secreção do pênis ou do reto
 - Sensibilidade ou dor nos testículos
 - Dor ou secreção retal
Apenas cerca de 30% das mulheres com clamídia apresentam os sintomas. Os sintomas de clamídia que podem ocorrer em mulheres abrangem:

 - Sensação de queimação ao urinar
 - Dor no ato sexual
 - Dor ou secreção retal
 - Sintomas de doença inflamatória pélvica (DIP), salpingite, inflamação do fígado semelhante à hepatite
 - Secreção vaginal

Homens ou mulheres que tiveram intercurso anal recetivo podem obter uma infeção de clamídia no reto, o que pode causar dor na região, secreções ou sangramento. Tal facto pode também acontecer na garganta, em casos de sexo oral não protegido.

As infeções por clamídia podem causar inflamações nas áreas afetadas.
A clamídia não tratada em mulheres pode espalhar-se para o útero ou para as trompas de Falópio, resultando em salpingite ou doença inflamatória pélvica. Essas doenças podem levar à infertilidade.


Clamídia


Tuberculose

A tuberculose é causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também conhecido como bacilo de koch.
  • Modos de infeção
A transmissão da tuberculose é direta, de pessoa a pessoa, portanto, a aglomeração de pessoas é o principal fator de transmissão. Ao falar, espirrar ou tossir, a pessoa infetada expele para o ar pequenas gotas de saliva que contêm o agente infecioso e podem ser aspiradas por outro indivíduo contaminando-o.
Má alimentação, falta de higiene, tabagismo, alcoolismo ou qualquer outro fator que gere baixa resistência orgânica, também favorece o estabelecimento da tuberculose.
  • Sintomas/Consequências
Na maioria dos infetados com tuberculose, os sinais e sintomas mais frequentemente descritos são:
 - Tosse seca contínua no início, transformando-se, na maioria das vezes, em uma tosse com pus ou sangue
 - Cansaço excessivo
 - Febre baixa geralmente à tarde
 - Falta de apetite
 - Palidez
 - Emagrecimento acentuado
 - Rouquidão
 - Fraqueza
 - Prostração.

Os casos graves de tuberculose apresentam:
 - Dificuldade na respiração
 - Eliminação de grande quantidade de sangue
 - Colapso do pulmão
 - Acumulo de pus na pleura (membrana que reveste o pulmão).

Se uma pessoa com tuberculose não recorrer aos serviços médicos competentes e se não for tratada atempada e convenientemente, a probabilidade de vir a morrer na sequência da tuberculose é muito elevada.


Tuberculose


Salmonella
  • Modos de infeção

Ingestão de alimentos contaminados com a bactéria salmonella enterica.
Os alimentos contaminados apresentam aparência e cheiro normais e a maioria deles é de origem animal, como carne de gado, galinha, ovos e leite. Entretanto, todos os alimentos, inclusive vegetais, podem tornar-se contaminados. É muito frequente a contaminação de alimentos crus de origem animal.



  • Sintomas/Consequências
Os sintomas de infecção por salmonela podem variar de intensidade, mas, em geral, são:
 - Forte diarreia
 - Vômito
 - Enjoo
 - Febre alta

Estes sintomas podem surgir dentro de 6 horas, 4 dias após o consumo do alimento contaminado e, via de regra, permanecem por cerca de 5 a 7 dias, até a completa recuperação do paciente. Eles podem variar de intensidade, dependendo da quantidade de alimento contaminado ingerido ou da quantidade de bactéria ingerida.

Esta infeção faz com que o organismo afetado não consiga absorver e reter, de uma forma normal, os fluidos corporais.



Salmonella


Tétano

O tétano é uma infeção do sistema nervoso com a bactéria possivelmente letal Clostridium tetani (C. tetani).
  • Modos de infeção
A infeção começa quando os esporos (forma latente desta bactéria) entram no corpo através de uma ferida. Esses esporos libertam bactérias que se espalham e formam um veneno chamado tetanospasmina. Esse veneno bloqueia os sinais neurológicos da coluna vertebral para os músculos.

  • Sintomas/Consequências
O tétano muitas vezes começa com espasmos leves nos músculos da mandíbula (tetania). Os espasmos também afetam os músculos do tórax, do pescoço, da coluna e do abdome. Os espasmos nos músculos da coluna muitas vezes causam arqueamento, chamado de opistótonos.
Os espasmos podem afetar os músculos que ajudam na respiração, o que pode causar problemas respiratórios.
A ação muscular prolongada causa contrações repentinas, fortes e dolorosas de grupos musculares. Isso é chamado de tetania. Esses episódios podem causar fraturas e rompimentos musculares.
Outros sintomas incluem:
 - Babar;
 - Suor excessivo;
 - Febre;
 - Espasmos nas mãos ou nos pés;
 - Irritabilidade;
 - Dificuldade ao engolir;
 - Micção ou evacuação descontrolada.

E, eventualmente, caso o organismo infetado não receba atenção médica pode mesmo ser letal.

NOTA: Prevenir o tétano através de uma vacina é muito melhor do que tratá-lo uma vez que se tenha manifestado. Nas crianças pequenas, a vacina contra o tétano faz parte da série que inclui as vacinas contra a difteria e a tosse convulsa. Os adultos devem receber reforços da vacina antitetânica cada 5 ou 10 anos.


Tétano


Gonorreia
  • Modos de infeção
A gonorreia é uma infeção sexualmente transmissível (IST) comum.
A gonorreia é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. Qualquer indivíduo que pratique qualquer tipo de sexo pode contrair a gonorreia. A infeção pode ser transmitida por contato oral, vaginal, peniano ou anal.
A bactéria cresce em áreas quentes e húmidas do corpo, incluindo o canal que leva a urina para fora do corpo (uretra). Em mulheres, a bactéria pode ser encontrada no sistema reprodutor (que inclui as trompas de Falópio, o útero e o colo do útero). A bactéria pode se desenvolver até mesmo nos olhos.

  • Sintomas/Consequências
Os sintomas da gonorreia geralmente aparecem de 2 a 5 dias após a infeção. No entanto, em homens, os sintomas podem levar até 1 mês para aparecer. Alguns indivíduos não apresentam sintomas. Eles podem não fazer ideia de que contraíram a infeção e, por isso, não procuram tratamento. Esse fator aumenta o risco de complicações e as hipóteses de transmitir a infeção a outras pessoas.
Os sintomas de gonorreia em homens incluem:
 - Ardência e dor ao urinar
 - Aumento na frequência ou urgência urinária
 - Corrimento do pênis (de cor branca, amarela ou verde)
 - Vermelhidão ou inchaço na abertura do pênis (uretra)
 - Testículos doloridos ou inchados
 - Dor de garganta (faringite gonocócica)

Os sintomas da gonorreia em mulheres podem ser bastante moderados ou não específicos e podem ser confundidos com outro tipo de infeção. São eles:
 - Corrimento vaginal
 - Ardência e dor ao urinar
 - Aumento na frequência urinária
 - Dor de garganta
 - Dor durante o ato sexual
 - Dor aguda na parte inferior do abdómen (se a infeção se espalhar para as trompas de Falópio e a região abdominal)
 - Febre (se a infeção se espalhar para as trompas de Falópio e a região abdominal)

quinta-feira, 27 de março de 2014

Sugestão de filme

Em seguimento ao assunto do post anterior, deixamos aqui uma sugestão de filme!


Cartaz do filme

Dallas Buyers Club
"EUA, 1985. Ron Woodroof (Matthew McConaughey) é um "cowboy" que sempre gostou de viver no limite... Até lhe ser diagnosticado o vírus VIH/sida e dado 30 dias de vida. Após um período inicial de total negação da doença, começa a ser tratado com o antiviral AZT, o único medicamento autorizado, que quase o conduz à morte. É então que decide procurar tratamentos alternativos noutras partes do mundo, independentemente da possível ilegalidade do seu uso nos EUA. É desse modo que, com a ajuda da Dra. Eve Saks (Jennifer Garner), a sua médica, e de Rayon (Jared Leto), um travesti também infectado, Ron cria o Clube de Dallas (Dallas Buyers Club), cujo objectivo é fornecer os mesmos medicamentos a outras pessoas na mesma situação. O sucesso é de tal forma surpreendente que acaba por chamar a atenção das companhias farmacêuticas que, por razões económicas, começam a olhar para o Clube de Dallas como uma verdadeira ameaça ao seu império. 
Com realização de Jean-Marc Vallée, um drama biográfico inspirado na verdadeira história de de Ron Woodroof e que foi tema de um artigo do jornalista Bill Minutaglio, publicado no jornal “The Dallas Morning News" em Agosto e 1992. Woodroof faleceu a 12 de Setembro de 1992."

Nota: O AZT é um fármaco utilizado como antiviral, inibidor da transcriptase reversa (inversa). Indicado para o tratamento da AIDS.


IMDb do filme AQUI

TRAILER:

Adriana Pires e Rita Silva

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O vírus HIV

"O HIV (Vírus Imunodeficiência Humana, na sigla em inglês) atinge o sistema imunológico, normalmente responsável pela proteção do organismo contra infecções. 

O vírus ataca um tipo de glóbulo branco (célula de defesa) chamado CD4. No processo, o HIV aloja seu genes no DNA da célula CD4 atingida e passa a utilizá-la para se multiplicar e, com isso, contaminar novas células. 

Durante o processo, as células CD4 acabam morrendo por razões ainda não totalmente conhecidas. Com a redução do número desses glóbulos brancos, o organismo começa a perder a capacidade de combater doenças até atingir o ponto crítico que caracteriza a Aids."

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"A fase aguda (após 1 a 4 semanas da exposição e contaminação) da infecção manifesta-se em geral como um quadro gripal (febre, mal estar e dores no corpo) que pode estar acompanhada de manchas vermelhas pelo corpo e adenopatia (íngua) generalizada (em diferentes locais do organismo). A fase aguda dura, em geral, de 1 a 2 semanas e pode ser confundida com outras viroses (gripe, mononucleose etc) bem como pode também passar desapercebida.
Os sintomas da fase aguda são portanto inespecíficos e comuns a várias doenças, não permitindo por si só o diagnóstico de infecção pelo HIV, o qual somente pode ser confirmado pelo teste anti-HIV, o qual deve ser feito após 90 dias (3 meses) da data da exposição ou provável contaminação."


De forma a entender melhor o funcionamento do sistema imunitário e da atuação deste vírus, veja o seguinte vídeo:






Adriana Pires e Rita Silva
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