sábado, 31 de maio de 2014

Imunosupressão. Um mal que se vai tornando menos maléfico e mais específico.

Quando determinado indivíduo sofre um transplante é necessário que este tome imunosupressores de forma a diminuir a probabilidade de rejeição do transplante. Isto é, é necessário que lhe sejam administrados medicamentos que fragilizem o sistema imunitário para que o sistema imunitário deste indivíduo não reconheça o órgão/tecido que lhe foi transplantado como estranho e dê uma resposta imunitária no sentido de neutralizar esse agente estranho.
Infelizmente, a administração deste tipo de medicamentos tornam os pacientes que sofreram o transplante mais vulneráveis a infecções e ao desenvolvimento de certos tipos de cancros. E é por isso que a comunidade científica tem trabalhado cada vez mais para tornar estes imunosupressores mais específicos, isto é tornar o sistema imunitário inactivo em certos locais do organismo.
E para que possamos trazer uma boa notícia aos leitores deste blog decidimos postar aqui um artigo que lemos na superinteressante (site oficial). Por enquanto é só uma boa notícia para quem sofreu/vai sofrer transplante do fígado, mas como se costuma dizer "grão a grão enche a galinha o papo".

Artigo da superinteressante: 

Investigadores do Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa, identificaram uma nova população de linfócitos reguladores que se localizam especificamente no fígado e têm forte capacidade imunossupressora, e encontraram uma estratégia para estimular a formação destes linfócitos. Esta descoberta permite desenvolver a primeira terapia celular imunossupressora restringida a um local específico do organismo e tem aplicação no combate à rejeição de orgãos após transplante, em particular do fígado. A sua aplicação poderá permitir minimizar os efeitos crónicos da imunossupressão após transplante, nomeadamente a exposição acrescida a infecções e cancro, que colocam, muitas vezes, em risco a vida dos transplantados.

Os resultados são publicados no dia 15 de Agosto na prestigiada revista Journal of Immunology e deram origem a uma empresa spin-off, a Acellera Therapeutics, em processo de criação.

Os linfócitos reguladores são células do sistema imunitário que controlam a actividade dos linfócitos T, aqueles responsáveis pela defesa do organismo contra agentes infecciosos. Quando a actividade dos linfócitos T não é correctamente controlada pelos linfócitos reguladores, surgem doenças autoimunes e doenças alérgicas como a asma.

Em estudos pré-clínicos realizados por várias equipas de investigadores com vista a desenvolver terapias contra efeitos adversos ocorridos após transplante de medula, verificou-se que, quando administrados a um indivíduo, os linfócitos reguladores conhecidos até agora (chamados Treg) se acumulam globalmente nos orgãos linfáticos de todo o organismo.

O que os investigadores portugueses descobriram agora foi um tipo diferente de linfócitos reguladores a que chamaram NKTreg e que, embora tendo igualmente forte capacidade imunossupressora ou reguladora, se acumulam especificamente no fígado após injecção intra-venosa. É esta característica que permite potencialmente restringir a imunossupressão a um orgão específico podendo levar à diminuição dos riscos associados à imunosuppressão após transplante, como as infecções e cancro.

Os investigadores descobriram ainda que conseguem obter estas células reguladoras a partir do sangue humano, abrindo perspectivas para uma nova terapia celular. O processo de formação das NKTreg a partir de células percursoras humanas e a sua aplicação terapêutica foram já patenteados pela equipa, que conta ainda com a participação de David Cristina (do Instituto Gulbenkian de Ciência) para desenvolver o plano de negócio da Acellera Therapeutics.

“O que o nosso estudo trouxe de novo foi a caracterização de uma população de células do sistema imunitário até agora desconhecida”, revela Marta Monteiro, primeira autora do estudo. “O que descobrimos foi que estas células têm a capacidade de regular os linfócitos T, e de forma localizada no fígado”, prossegue a investigadora.

“Estes resultados, obtidos no laboratório, têm enorme potencial terapêutico”, afirma Luis Graça, líder da equipa. “ Estamos agora a trabalhar para desenvolver uma terapia celular baseada no estudo publicado, que poderá diminuir os problemas associados aos transplantes de fígado: evitar a rejeição, reduzindo ao mesmo tempo os graves efeitos adversos das actuais terapêuticas imunossupressoras.”


Adriana Pires, Alexandre Pancadas, Rita Silva e Sandra Duarte

Resposta Inflamatória

A resposta inflamatória é uma reacção do sistema imunitário à entrada de agentes agressores ou estranhos no organismo que faz parte dos mecanismos de defesa não específica (isto é, a resposta inflamatória produzida pelo sistema imunitária será sempre a mesma qualquer que seja o agente agressor/estranho).

A resposta inflamatória (também designada por inflamação) é a segunda linha de defesa de defesa do organismo e ocorre quando os agentes patogénicos conseguem ultrapassar as barreiras de defesa primárias, o que acontece, por exemplo, após um golpe na pele.Na zona de penetração dos seres patogénicos ocorrem diversos acontecimentos que caracterizam a resposta inflamatória bem como uma intensa actividade fagocítica (presença de inúmeras estruturas que realizam a fagocitose, que é um processo realizado pelo organismo no sentido de neutralizar os agentes agressores) por esta provocada.

A resposta inflamatória é mediada por substâncias químicas produzidas pelo organismo em reacção à entrada de micróbios ou então libertadas pelos mesmos. Uma das substâncias químicas utilizadas neste mecanismo é a histamina produzida por basófilos ou mastócitos (células especializadas presentes em alguns tecidos).
A presença desta histamina e de outros mediadores químicos provocam a dilatação dos vasos sanguíneos e o aumento da permeabilidade dos capilares que por sua vez provocarão o aumento do fluxo sanguíneo levando ao enrubescimento (tubor) e o aumento de temperatura local (calor). Devido ao aumento da permeabilidade dos vasos, aumenta o fluido intersticial na zona afectada, provocando um edema. A distensão de tecidos provocada pelo edema e a acção de algumas substâncias químicas sobre terminações nervosas são aquilo que provoca a dor.
A acumulação de substâncias químicas no tecido lesionado vai activar o sistema imunitário, atraindo ao local os intervenientes necessários, como os neutófilos e os macrófagos (ou seja os fagócitos , que são estruturas que realizam a fagocitose e que extravasam os capilares dirigindo-se à zona infectada por diapedese). A esta atracção química dá-se o nome de quimiotaxia.
Após a realização da fagocitose, os agentes agressores são neutralizados e inicia-se o processo de cicatrização, são repostas as células perdidas e os tecidos são regenerados.

Adriana Pires

Doença celíaca, o que é?

A doença celíaca é uma doença auto-imune. Entende-se como doença auto-imune o tipo de doença que é provocada pelo próprio sistema imunitário. Ou seja, por motivos ainda relativamente indeterminados o sistema imunitário passa a reconhecer as suas células ou os seus tecidos como agentes agressores (ou agentes exteriores ao seu organismo) sobre os quais é preciso impor uma resposta imunitária. Sendo que nessa resposta imunitária há normalmente produção de anticorpos que atacarão o próprio organismo, os chamados auto-anticorpos.

O que é a doença celíaca?

A doença celíaca, também conhecida por enteropatia sensível ao glúten, é uma doença do intestino delgado caracterizada pela intolerância ao glúten, uma proteína presente em diversos alimentos, como trigo, aveia e cevada.

A doença celíaca é uma doença de origem imunológica que se caracteriza pela ocorrência de uma intensa reacção inflamatória no intestino delgado todas as  vezes que este é exposto a alimentos que contenham glúten. Em alguns casos, a inflamação pode ser tão severa, que destrói as vilosidades da mucosa do intestino delgado, que são responsáveis pela absorção de boa parte dos nutrientes. O resultado deste processo de inflamação e lesão da mucosa intestinal é uma síndrome de má absorção intestinal (explicarei melhor esta síndrome mais à frente).
A doença celíaca é uma patologia de origem autoimune, sendo uma doença diferente da alergia ao glúten. O mecanismo imunitário da doença celíaca é distinto, assim como o quadro clínico.
A doença celíaca é uma doença relativamente comum e pode acometer qualquer pessoa, porém é mais frequente em caucasianos (brancos) descendentes de europeus do norte. Na Europa e nos EUA cerca de 1 a cada 150 pessoas tem doença celíaca. Nos países nórdicos, esta taxa chega a ser de 1 para cada 90 pessoas. No mundo inteiro, cerca de 25 milhões de pessoas sofrem com esta doença.

Rita Silva

sexta-feira, 30 de maio de 2014

O que sinto? O sistema imunitário explica!

Alguma vez pensou em como a presença de certos micróbios no nosso organismo ( micróbios são agentes patogénicos, isto é algo que agride ou que é estranho ao organismo) ou mesmo de anticorpos (proteínas produzidas pelo organismo no sentido de neutralizar os agentes patogénicos) podem alterar o nosso humor?
Nós também não! E a título de curiosidade decidimos colocar aqui um artigo que lemos na superinteressante (no site ofcial) para que possa saber mais sobre o assunto:


Na última década, os cientistas descobriram que o comportamento, o estado de humor e mesmo a memória podem sofrer alterações tanto pela acção de micróbios externos como sob o efeito de componentes do nosso próprio sistema imunitário.

Um caso emblemático foi protagonizado por Sammy Maloney, um rapaz norte-americano que, em 2002, ao completar 12 anos, experimentou uma súbita e drástica mudança de personalidade. No início, manifestava-se através de pequenas manias, como usar roupas de determinadas cores ou impedir que se abrissem as janelas de uma divisão na sua presença. Contudo, seis meses depois dos primeiros sintomas, já era vítima de um grave distúrbio obsessivo-compulsivo, acompanhado do síndrome de Tourette. O que tornou o caso ainda mais surpreendente foi o facto de os sintomas começarem a desaparecer quando os médicos descobriram que tinha uma infeção por estreptococos (bactéria com forma de coco) e lhe receitaram antibióticos. Em poucos meses, Sammy voltou a comportar-se como um rapaz normal.

A história não é tão invulgar como poderia parecer, segundo comprovou a bióloga Madeleine Cunningham, que trabalha no Departamento de Microbiologia e Imunologia da Universidade do Oklahoma. Após vários anos a estudar as ligações entre distúrbios do comportamento e o sistema imunitário, chegou à conclusão de que os anticorpos produzidos pelo nosso organismo para combater certos estreptococos conseguem desencadear, numa zona do cérebro, a libertação massiva de dopamina. Isso poderia explicar a dificuldade em reprimir comportamentos impulsivos, como aconteceu com Sammy.

Muito diferente é o que nos acontece se estivermos em contacto com a Mycobacterium vaccae, uma bactéria inofensiva que vive no solo e que inalamos quando passeamos pelo campo ou por um parque. Segundo um estudo recente publicado na revista Neuroscience, o micróbio estimula os neurónios do córtex pré-frontal do cérebro humano para libertarem serotonina, o neurotransmissor da felicidade e do bem-estar, o que nos põe de óptimo humor.


Deixe que as crianças se sujem!

Christopher Lowry, neurocientista da Universidade de Bristol (Reino Unido), comprovou que injetar aquela bactéria em ratos exerce um efeito muito semelhante ao do popular antidepressivo Prozac. Outro colega, Graham Rook, imunologista da Escola de Medicina do University College London, assegura que a M. vaccae é mesmo mais específica e eficaz do que os fármacos, pois não tem efeitos secundários. De facto, Rook defende a teoria de que uma das causas para o aumento de casos de depressão no Ocidente ao longo do último século é que não nos expomos o suficiente às diminutas criaturas. Somos prejudicados pela nossa obsessão pela higiene. “Deveríamos deixar as crianças brincar e sujar-se mais, e até comer com as mãos sujas de terra”, assegura.

Como se isto não fosse suficiente, Dorothy Matthews, investigadora dos The Sages Colleges (Nova Iorque), verificou que a M. vaccae pode também melhorar a capacidade de aprendizagem. Quando alimentavam roedores com a bactéria viva, Dorothy Matthews e a sua equipa constataram que os exemplares infetados se deslocavam mais rapidamente pelos labirintos e sofriam menos de ansiedade. “Podemos especular se seria positivo as escolas programarem um tipo de aprendizagem ao ar livre para adquirir novas aptidões”, sugere a investigadora.

É possível que, num futuro não muito distante, possamos ingerir um punhado destes micro-organismos para nos tornarmos pessoas mais felizes e inteligentes. De facto, em 2003, Rook e Lowry deram o primeiro passo nesse sentido, ao registarem uma patente para a utilização de M. vaccae e dos seus derivados para tratar a ansiedade, os ataques de pânico e os distúrbios alimentares.

Citoquinas agitadas

Quando apanhamos uma simples gripe, a par da febre, sentimos sintomas como dificuldade em dormir, perda de apetite e ansiedade. É mesmo possível que a nossa capacidade de concentração seja menor, que nos sintamos deprimidos ou que manifestemos determinados comportamentos antissociais. Por outras palavras, os processos inflamatórios do nosso organismo provocam alterações evidentes no estado de humor.

Estudos recentes indicam que os responsáveis por essa desordem emocional são as citoquinas, proteínas produzidas na imunidade mediada por células pelos linfócitos T auxiliares) em reacção à doença. Porém, nem sequer é preciso adoecer para essas gladiadoras do organismo fazerem das suas. Nos obesos, por exemplo, a probabilidade de sofrer de depressão é duas a três vezes mais elevada, pois o tecido adiposo é uma fonte importante dessas proteínas defensivas.

Por outro lado, o interferão alfa, uma citoquina usada para tratar a hepatite C, estimula uma área cerebral envolvida na detecção de erros e conflitos que nos faz ser mais desconfiados e propensos a suspeitas, segundo revelou Andrew Miller, da Universidade de Emory (Estados Unidos). Por sua vez, Naiomi Eisenberger, da Universidade da Califórnia, demonstrou, num estudo publicado na revista Neuroimage, que certas variedades aumentam a actividade em zonas do cérebro responsáveis pela empatia, isto é, por conseguirmos colocar-nos no lugar de outras pessoas.


A estreita relação entre o sistema imunitário e o cérebro não termina aqui. Ao administrar oralmente bactérias Lactobacillus reuteri a roe­dores, o professor japonês Takeshi Kamiya obteve efeitos anestésicos a nível orgânico semelhantes aos da morfina. Por sua vez, Mark Lyte, da Universidade Tecnológica do Texas, observou que, após ingerir pequenas doses de Campylobacter jejuni, uma das bactérias que produzem mais intoxicações alimentares em todo o mundo, sobem os níveis de stress.

E ao que parece esta complexidade que são os nossos sentimentos (ou os nossos humores) vai estando cada vez mais perto de ser desmistificada.

source: 

Alexandre Pancadas e Sandra Duarte

Vacinas. O que são? Todos de acordo?


O que são as vacinas?

As vacinas  são substâncias, como proteínas, toxinas, partes de bactérias ou vírus, ou mesmo vírus e bactérias inteiros ou inteiras, atenuados(as) ou mortos(as), que ao serem introduzidas no organismo de um animal, suscitam uma reacção do sistema imunitário semelhante à que ocorreria no caso de uma infecção por um determinado agente patogénico (agente agressor ou estranho ao organismo), desencadeando a produção de anticorpos (proteínas que ajudam a destruir os agentes patogénicos) que acabam por tornar o organismo imune ou, ao menos mais resistente, a esse agente.
São geralmente produzidas a partir de agentes patogénicos (normalmente vírus ou bactérias), ou ainda de toxinas, previamente enfraquecidos. Ao inserir no organismo este tipo de substâncias, fazemos com que o corpo combata o agente estimulando a síntese de anticorpos, além de desenvolver a chamada memória imunitária (capacidade do organismo para reconhecer um agente patogénico com o qual já lidou), tornando mais fácil, como é evidente,o reconhecimento do agente patogénico e aumentando a eficiência do sistema imunitário em combatê-lo.

Todos de acordo?
Posto assim, parece que as vacinas são indubitavelmente algo quase perfeito. Será que toda a comunidade científica está de acordo? Não segundo um artigo que li no site oficial da superinteressante....
"(...)No entanto, desde finais do século XVIII, quando o médico inglês Edward Jenner criou a primeira vacina contra a varíola, há quem se oponha à aplicação do tratamento preventivo. Entre os opositores, não faltaram (nem faltam) cientistas. É o caso de Andrew Wakefield, um médico britânico que publicou, em 1998, uma investigação,(....) na qual relacionava a vacina tripla viral (contra o sarampo, a rubéola e a papeira) com o autismo e uma doença gastrointestinal."

Será a relação mesmo verdade?
 A maior parte da comunidade científica e até o BJM (British Major Journal) dizem que não passa de nada mais que uma "esmerada fraude".

Claro que  investigadores como Andrew Wakefield causam e causarão sempre algum tipo de dúvida e insegurança no público (isto é, todos aqueles que têm de ser vacinados). Mas a verdade é que até à data este tipo de investigações são meras especulações e dados como estes: 

"Evitam mais de dois milhões de mortes todos os anos, eliminaram terríveis doenças, proporcionam imunidade perante vírus indómitos e protegem mesmo aqueles que desconfiam delas. Poder-se-ia dizer o mesmo de qualquer super-herói da ficção científica, mas as vacinas, além de reais, são fruto de anos de investigação científica. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), constituem uma das intervenções mais importantes no âmbito da saúde pública. Além dos milhões de óbitos anuais que contribuem para evitar, também podem impedir dois milhões de disfunções adicionais em crianças menores de cinco anos."

são factos.

A ciência terá sempre mais poder que a especulação. A ciência faz a vida e costuma fazê-la relativamente bem. E é por isso que somos vacinados.

Source:

Sandra Duarte

As alergias e a importância da Ig.E

A alergia é uma deficiência do sistema imunitário que provoca uma reacção a substâncias normalmente inócuas, denominadas alergénios. Nesta secção irá aprender mais sobre o que despoleta a reacção, a importância da IgE (imunoglobulina E) e o motivo por que a medição da IgE é um passo importante para gerir os sintomas e ajudar os doentes a sentir-se melhor.

Como é despoletada uma reacção alérgica?


Uma reacção alérgica é despoletada pela substância (alergénio) específica a que a pessoa é alérgica. Quando exposto a este alergénio, o corpo detecta um invasor estranho.
O alergénio liga-se aos anticorpos IgE. Quando isso acontece, o mastócito abre para libertar substâncias inflamatórias, por ex. a histamina, que viaja rapidamente através do corpo para combater aquilo que considera perigoso. A histamina afecta o tecido corporal e provoca uma inflamação.
Os sintomas que se desenvolvem dependem da área do corpo onde é libertada a histamina. Nariz a pingar, olhos lacrimejantes e com prurido, falta de ar e pele seca podem ser sinais de mastócitos a reagir em áreas específicas do corpo.
Para a maior parte das pessoas, a alergia começa como uma condição limitadora e desconfortável, embora inofensiva, e podem passar anos até os sintomas se desenvolverem. Para outras, as reacções alérgicas podem ser mais graves e representar uma ameaça ao bem-estar geral. Em alguns casos raros, determinados alimentos, medicamentos ou picadas de insecto podem resultar num choque anafilático súbito que pode ser fatal.

IgE – os anticorpos do corpo contra alergias

IgE - Imunoglobulina E - é um tipo de proteína denominado anticorpo. Desempenha um papel importante nas reacções alérgicas, sendo por isso frequentemente denominado "anticorpo das alergias".
Se uma pessoa for alérgica a uma determinada substância (alergénio), o sistema imunitário acredita erradamente que esta substância normalmente inócua, por ex. o pólen, é de facto prejudicial ao corpo.
Quando a pessoa fica exposta a esta substância em particular, o sistema imunitário inicia a produção de IgE numa tentativa de proteger o corpo. Os anticorpos IgE permanecem no corpo e, da próxima vez que houver contacto com a substância alergénica, pode ocorrer uma reacção alérgica.
O resultado é que alguém que tenha uma alergia tem níveis elevados de IgE no sangue. IgE específico de cada alergénio. Isso significa que o IgE de gatos só pode despoletar uma reacção alérgica aos gatos.IgE.

Source:
http://www.phadia.com/pt-PT/2/About-Allergy/Explicacao-da-alergia/

Alexandre Pancadas

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Guerra às superbactérias

"Nos início da década de 1940, começou-se a levar a melhor no confronto com os agentes patogénicos. 

(...)

Contudo, agora, em pleno século XXI, outra batalha acaba de principiar e, por enquanto, o inimigo está a vencer. Os novos soldados são as superbactérias, isto é, micróbios que se tornaram imunes aos tratamentos.

(...)

"O grande problema é se surgir uma variedade totalmente resistente aos antibióticos e muito maligna" resume Fernando Cruz, investigador da Universidade da Cantábria e um dos membros de EvoTAR.

Desde que conseguiu aquela primeira vitória, há 70 anos, o homem sentiu-se tão poderoso com as novas armas que o seu uso transformou-se em abuso. Em muitos casos, os antibióticos foram mal administrados, utilizados para curar constipações e outros males para o quais não serviam. Os pacientes deixavam de tomá-los ao notarem melhoras, antes de todos os micróbios terem morrido devido aos efeitos da medicação. Assim, os micro-organismos, dotados de genes que os protegiam de determinados compostos, sobreviveram e tornaram-se cada vez mais fortes. Tratou-se, de certo modo, de uma versão acelerada de evolução natural. "Os seres humanos é que estão a fazer a selecção", confirma o investigador.

Para podermos entender até onde chega esse crivo involuntário, devemos tomar em consideração que, no mundo dos micro-organismos, também há sexo e capitalismo. Como duas bactérias se encontram, por exemplo, no trato digestivo de uma pessoa, podem trocar material genético, mesmo que sejam de espécies diferentes. Em vez de órgãos sexuais, usam plasmódios, uma espécie de invólucros que possibilitaram, durante milhões de anos, o intercâmbio de ADN e, mais recentemente, dos genes concretos que lhes permitem resistir aos antibióticos.

O processo de criação de uma superbactéria consiste em vária etapas. Primeiro, adquire resistência a mais de três famílias de antibióticos: torna-se multirresistente. O passo seguinte transforma-a numa espécie extremamente forte: já há muito poucos fármacos que conseguem dar cabo dela. A última fase, a mais temida, é quando surge uma bactéria pan-resistente, que nenhum tratamento consegue eliminar. 

Fora do meio hospitalar, até os micro-organismos mais perigosos costumam ser inofensivos, pois um sistema imunitário saudável elimina as infecções sem sequer termos consciência disso. As superbactérias atacam os mais fracos: recém-nascidos ainda com poucas defesas, doentes, idosos ou pessoas que, prestes a receber um transplante, mantém o sistema imunitário bloqueado para evitar uma rejeição. São as vítimas mais frequentes das infecções hospitalares."

Antibióticos


Adriana Pires e Rita Silva

source:
"Guerra às superbactérias", Super Interessante. (nº188, Dezembro 2013), pp. 88, 89, 90 e 91