quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Barreiras naturais do nosso organismo

O nosso organismo, tal como já foi referido na publicação anterior (ver aqui), possui vários mecanismos de defesa, entre os quais as barreiras naturais.

"Geralmente a pele evita a invasão de muitos microrganismos, a menos que esteja fisicamente danificada devido, por exemplo, a uma lesão, à picada de um insecto ou a uma queimadura. Contudo, existem excepções, como a infecção pelo papilomavírus humano, que provoca as verrugas.

Outras barreiras naturais eficazes são as membranas mucosas, como os revestimentos das vias respiratórias e do intestino. Geralmente estas membranas estão cobertas de secreções que combatem os microrganismos. Por exemplo, as mucosas dos olhos estão banhadas em lágrimas, que contêm um enzima chamado lisozima. Este ataca as bactérias e ajuda a proteger os olhos das infecções.

As vias respiratórias filtram de forma eficaz as partículas do ar que se introduzem no organismo. Os canais tortuosos do nariz, com as suas paredes cobertas de muco, tendem a eliminar grande parte da substância que entra. Se entretanto um microrganismo atinge as vias aéreas inferiores, o batimento coordenado de umas saliências semelhantes a pêlos (cílios) cobertas de muco transportam-no para fora do pulmão. A tosse também ajuda a eliminar esses microrganismos.

O tubo gastrointestinal dispõe de uma série de barreiras eficazes, que incluem o ácido do estômago e a actividade antibacteriana dos enzimas pancreáticos, da bílis e das secreções intestinais. As contracções do intestino (peristaltismo) e o desprendimento normal das células que o revestem ajudam a eliminar os microrganismos prejudiciais.

O aparelho geniturinário masculino encontra-se protegido pelo comprimento da uretra (cerca de 20 cm). Devido a este mecanismo de protecção, as bactérias não costumam entrar na uretra masculina, a menos que sejam ali introduzidas de forma não intencional, através de instrumentos cirúrgicos. As mulheres contam com a protecção do ambiente ácido da vagina. O efeito de arrastamento que a bexiga desencadeia no seu esvaziamento é outro dos mecanismos de defesa em ambos os sexos.

As pessoas com mecanismos de defesa debilitados estão mais vulneráveis a certas infecções. (...) Por exemplo, aqueles indivíduos cujo estômago não segrega ácido são particularmente vulneráveis à tuberculose e à infecção causada pela bactéria Salmonella. O equilíbrio entre os diferentes tipos de microrganismos na flora intestinal residente também é importante para manter as defesas do organismo. Por vezes, um antibiótico tomado para uma infecção localizada em qualquer outra parte do corpo pode quebrar o equilíbrio entre a flora residente, permitindo assim que aumente o número de microrganismos que causam doenças."




A nossa pele é o primeiro órgão a proteger-nos de infeções.

A lisozima contida nas lágrimas protege os nossos olhos.



Adriana Pires e Sandra Duarte

O Sistema Imunitário

"O nosso organismo possui mecanismos de defesa que podem ser diferenciados quanto à sua especificidade, ou seja, existem os específicos contra o antigénio e os não específicos que protegem o organismo de qualquer material ou microorganismo estranho, sem que este seja específico.

O organismo possui barreiras naturais (mecanismo de defesa não específico), como a pele, a saliva e o muco presente nas mucosas e no tracto respiratório, entre outras.

Para além das barreiras naturais, existem respostas imunitárias não específicas e específicas para combater invasores que penetrem as barreiras naturais e infectem o organismo. As respostas imunitárias não específicas são aquelas em que não há um combate contra um epitopo, mas sim contra um antigénio que se encontra no local, não sendo ele específico, mas qualquer substância estranha que esteja em contacto com ele. Neste tipo de resposta estão presentes certos tipos de células como, macrófagos, neutrófilos, eosinófilos, células NK e o complemento.

Pelo contrário, as respostas imunitárias específicas são aquelas que envolvem a acção de epitopos específicos, formando populações monoclonais específicas para atacar o antigénio em questão. Neste tipo de respostas estão envolvidos os linfócitos B e/ou T que, para além da elevada eficiência no combate aos microorganismos invasores são, também, os responsáveis pela “limpeza” do organismo, ou seja, a retirada de células mortas, a renovação de determinadas estruturas, a rejeição de enxertos e a memória imunológica.

Diversos locais no organismo apresentam tecidos linfóides. O tecido linfóide pode estar acumulado formando os nódulos linfáticos, que se interpõem entre os vasos linfáticos do organismo, ou fazer parte do parênquima de órgãos como o baço, o timo ou as amígdalas, sendo estas últimas formadas puramente por tecido linfóide. Alguns órgãos, como os pulmões, o fígado, o cérebro e a pele, não possuem tecido linfóide, mas têm uma grande população de macrófagos preparados para actuar e fazer a “limpeza” do local.

As células do sistema imunitário são altamente organizadas, e, cada tipo de célula age de acordo com a sua função. Deste modo, algumas estão responsáveis por receber ou enviar mensagens de ataque ou de supressão, outras apresentam o “inimigo” às células do sistema imunitário, outras apenas atacam com o intuito de matar e, outras produzem substâncias que neutralizam esses “inimigos” ou neutralizam substâncias libertadas por esses organismos."









Rita Silva e Alexandre Pancadas
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